Diário Indústria&Comércio, edição de 1º.11.2018, pg.3
Durante dois anos e meio ele ficou em uma cama, entre a vida e a morte. Precisou se submeter a seis cirurgias para recuperar -- aos poucos -- os movimentos das pernas. Quem o assistia, nesses piores momentos, era sua mãe, uma senhorinha com 76 anos, que veio a falecer, três anos. Então ele ficou realmente oao desamparo, tendo que se virar sozinho, pois não tem mais familiares e nem condições financeiras para custear uma cuidadora. Assim vive José Francisco Kuzma, aos 57 anos.
Em agosto de 2012, Kuzma foi vítima de um acidente de trânsito: descia a Avenida Vicente Machado, com sua motocicleta, quando um carro entrou na contramão e o atingiu. O rapaz voou mais de 3 metros e caiu na rua. Daí para frente não se lembra de mais nada. Só acordou em uma cama do Hospital do Trabalhador, dois dias depois. E foi aí que descobriu que estava com uma importante lesão no fêmur e joelho, por fratura exposta. Descobriu também que o motorista do veículo causador do acidente era um médico; que não lhe prestou socorro nenhum na ocasião. E até hoje, nunca lhe deu nenhuma assistência.
Julgamento, enfim.
A esperança do motoqueiro é que finalmente o processo que move contra o atropelador vai ser julgado nesta quinta-feira, dia 31, pela juíza da 23ª Vara Cível de Curitiba, Julia Maria de Paula Rezende. “Ele destruiu minha vida, a da minha mãezinha e todos os meus projetos de vida”, afirma Kuzma, que atualmente mora sozinho, em um pequeno apartamento, no bairro Campo Comprido, em Curitiba.
Tudo sozinho
Não fosse pelos seus conhecimentos de informática, que aprendeu e se aperfeiçoou como autodidata, já estaria morto. Via internet, ele consegue sobreviver, comprando quase tudo que precisa, pelo sistema “delivery”.
Mas não reclama. Com muito esforço e dedicação, o motoqueiro faz fisioterapia e aparelhos, e agora já começa a dar alguns passos, com andador e muletas. Kuzma é um exemplo de auto-confiança e superação.
Nota do autor do blog: Tudo o que obtive no Hospital do Trabalhador foi por mim pago religiosamente, mensalmente através do recolhimento de meus impostos e diariamente, toda vez que utilizada um serviço ou comprava uma mercadoria, tendo impostos descontados. A expressão "O SUS é gratuito" é uma coisa que me agride, e deve agredir muitos cidadãos e contribuintes deste País que tem essa sanha única na arrecadação.
